quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Luís Vaz de Camões



Descalça vai pera a fonte
Lianor pela verdura:
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamalote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura:
Vai fermosa, e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o trançado,
Fita de cor de encarnado;
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à formosura:
Vai fermosa, e não segura.

Luís Vaz de Camões

Sem comentários:

Enviar um comentário